Um pouco da minha história

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untitled-design-2Durante muitos anos vivi para agradar a todos aqueles que estavam ao meu redor. Acreditava que dessa forma não haveriam conflitos, e se assim fosse todos estariam contentes. Logo eu estaria contente.

Esta minha crença e luta de anos trouxe-me muitos dissabores. Primeiro de tudo, tentar agradar a todos, era um fardo pesado de suportar. Segundo, os conflitos existiam na mesma e terceiro, as pessoas sentiam-se infelizes na mesma.

Nesta minha luta protagonizava o papel da vítima. Declarava expressões de vitimização: “eles fizeram-me isto”, “depois de tudo o que fiz, é desta forma que me agradecem”, etc. Compreendi com o tempo que não queria, apenas, agradar o outro, queria também que retribuíssem a minha bondade.

Fazer o papel de vítima é fácil, culpar os outros é fácil, não dá trabalho. Não é necessário um conhecimento profundo de quem somos, nem a necessidade de mudanças internas. 

Lembro-me de certo dia alguém me dizer, referindo-se a uma situação específica, “andas à deriva em alto mar”. Por algum motivo esta frase numa mais saiu da minha cabeça. Eu não andava à deriva naquela situação, toda a minha vida andava à deriva.

Como poderia não andar? Agradar outros é alienar quem somos. Reprimindo fraquezas e vulnerabilidades.

Lembro-me de ajudar outros, sem que eles me pedissem nada. O papel da boazinha, para no fundo esconder e reprimir uma parte de mim – as inseguranças e fraquezas.
Lembro-me de em determinadas (muitas!) situações justificar tudo o que fazia, numa tentativa de que a pessoa não ficasse chateada comigo. Além de que pedia desculpa e mais desculpas. Mesmo sabendo, muitas das vezes, que não tinha de pedir desculpa.

Hoje sei que cada um faz a interpretação dos acontecimentos da sua forma – de acordo com os seus valores, crenças e realidade passada e presente.

Atualmente não procuro agradar a quem quer que seja. Procuro fazer o que sinto que é certo no momento, e vivo ao melhor das minhas capacidades. Isto significa que estou disponível a aprender.

Atualmente não justifico o que faço, porque também não procuro que me entendam de forma a darem-me razão. Relato acontecimentos – se assim achar por bem, e ao melhor das minhas capacidades, aprendo com os acontecimentos.

Atualmente não peço desculpa, porque sou boazinha e quero agradar. Peço perdão, exclusivamente quando sinto que errei ou projectei algo na outra pessoa.

Atualmente não me deixo afetar quando invocam determinados sentimentos e/ou emoções negativas, por determinada interpretação de um facto. Afinal a interpretação é do outro e não minha, assim como o sentimento/emoção é do outro e não meu.

Atualmente não procuro ajudar toda a gente, apenas aqueles que me procuram e o pedem de forma autêntica. Não através do papel da vitimização ou culpabilização. Invisto o meu tempo com pessoas que se dão ao trabalho de mudar (Sim, porque dá trabalho!).

Atualmente não sou perfeita, e aprendo a aceitar a minha imperfeição.
Atualmente ainda me lembro desta parte de mim que quer agradar. E quando caio nessa armadilha, lembro-me de como andava à deriva em alto mar. Nesse momento, escolho novamente e ajo ao melhor das minhas capacidades, não ao melhor do devia do outro. Afinal o devia é do outro e não meu.

Porque dá trabalho mudar, ir além do medo, arriscar e, sobretudo, conhecer partes de nós que ainda estão em processos de aprendizagem. Partes essas que reprimimos por muitos anos.
Dá trabalho honrar todas as partes de nós – incluindo medos, inseguranças, fraquezas. Dá trabalho conhecer quem verdadeiramente somos, e expressarmo-nos de forma cada vez mais genuína. E eu bem sei, que expressar de forma genuína dá muito trabalho, sobretudo para alguém – que como eu – vivia para agradar os outros.
Depois de todos estes anos de aprendizagem, eu sei que dá trabalho, mas também sei que vale a pena!

E se eu consegui, e consigo todos os dias, tu também consegues!

Ana Rita Costa

 

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